Daí para baixo não havia nada. Nadinha. Necas.
Na 4a série do ginásio tive uma aula sobre sistema reprodutor.
Lembro-me do professor de Ciências de guarda-pó branco, assinalando com um ponteiro de madeira, o que envolvia o sistema reprodutor feminino. Foi a informação científica a que tive acesso e pela qual agradeço, embora tenha sido uma aula de pura biologia, dada em voz monótona.
Creio que isso aconteceu com muitas das mulheres maduras de hoje: quando éramos adolescentes, a vida era diferente.
Faltava-nos informação, o que levou muitas vezes a grande sofrimento.
Com quem falar de temas que despertavam curiosidade, como menstruação, namoro e outros?
Masturbação? Nem pensar! Seria colocada na rua, creio eu, se perguntasse algo assim em casa.
Mas esses são temas que despertam curiosidade de crianças e adolescentes.
E refletir sobre eles, falar a respeito, ajuda-nos a visitar uma época de nossas vidas que pode não ter sido feliz, sacudindo a poeira acumulada pelos anos, lavando a alma e deixando tudo isso onde pertence — o passado.
Sem a pressão de temas de sofrimento do passado podemos viver o presente de forma mais leve.
Afinal, preconceitos sobre a sexualidade acompanham todas as idades. Adolescentes ou envellhescentes, sofremos com eles.
Vera Vaccari