Eles foram chegando de mansinho, despercebidos, juntando-se de dois em dois, três em três, cinco em cinco… até que, de repente, não mais que de repente, formaram uma pilha.
69!
Minha mãe, aos 96, dizia que muitas das coisas de que lembrava pareciam ter ocorrido em outra vida, com outra pessoa, e não com ela.
Às vezes, sinto-me assim, também.
Olho com inveja, com alegria e até mesmo com pena para aquela pessoa, aquela eu de 20, 30, 40 anos.
Hoje vejo como divertidas situações que me fizeram chorar no passado. Ou, ao contrário, sinto dor diante de algumas das quais ri enquanto as vivia.
Claro que incorporei todas essas experiências, que agora fazem parte de mim.
Viajo à velocidade da luz rumo aos 70 anos.
Vejo, porém, desde grandes estradas até veredas e picadas mal abertas à minha frente.
Não vou mais para eles com os olhos cegos de ilusões, mas sim guiada pela bússola da experiência, temperada pela esperança.
De qualquer forma, levam para a frente, para o novo, deixando o que já passou.
Se não der para encontrar coisas novas, ao menos vou fazer as velhas de um novo jeito.
A idade pode incentivar, pois, o que não for feito aos 70, pode ser mais difícil de ser realizado aos 80, se chegar lá.
O dia é hoje, a hora é agora!
Vera Vaccari