Li a mensagem da minha amiga e não entendi.
Falo o bom e muito antigo português.
Mas bati o olho no texto que havia mandado para ela e comecei a rir.
Estava mesmo ilegível.
Mandei uma resposta imediata: falo agora a língua do dedo grande e tecla pequena.
Pior agora, enquanto aguardo exames para cirurgia de catarata, nos dois olhos.
Não sei se a cirurgia vai mudar isso, pois o dedo não vai diminuir.
O jeito seria procurar um celular com tecla maior, além de reler tudo que escrevo (o que não faço no caso de mensagens, nem preciso dizer).
Lá fui pra loja de celulares.
Mostraram-me alguns, caríssimos, que não resolviam o problema, além de me criar outro, pois não teria como pagar por nenhum deles.
Aí trouxeram o que queriam me mostrar desde o início, mas tinham medo de me ofender: um celular para idosos.
(Incrível como fazem coisas para idosos mas têm medo de mostrar para não ofender os idosos… Idade não depende da pessoa, mas sim de quando seus pais transaram e engravidaram, certo?)
Voltando ao celular, parecia um daqueles antigos, da década de 1990.
Eu poderia até participar de uma propaganda: Meu primeiro celular.
Gostei dos números grandes.
Aí fui ver procurar as teclas de letras e conferir todas as funções.
Nenhuma.
O tijolinho só fazia ligações.
Ótimo para ligar para filhos, netos, emergência…
Mas o que menos faço é usar o celular como telefone.
Uso para todo o restante, até para meu trabalho como psicóloga.
Muitas pessoas, para não enfrentar o trânsito, preferiram continuar a ser atendidas por internet.
Então, nada feito.
Agradeci, deixei o tijolinho e fui embora, pensativa.
Com tantas invenções, por que não produzem um celular barato com teclas bem grandes?
Friso aqui o barato, pois novidades tendem a custar muito.
Enquanto isso não vem, vou tentar revisar tudo que escrevo.
Ou, quem sabe, se continuar como vinha fazendo, invento uma nova língua.
O wue voxê avha dusso?
Vera Vaccari