Estou há vários dias tentando lembrar o nome do livro, sem conseguir.
Já aprendi que, quando isso acontece, nem adianta ficar me esforçando.
Deixo pra lá e, mais hora, menos hora, o nome pinta na minha cabeça, mesmo que já não tenha a menor importância.
Mas, fazer o quê?
Não vou me lastimar por isso, certo?
O caso é que na história as pessoas não envelheciam, mantendo sempre a aparência da juventude.
Mas chegava o dia em que eram consideradas obsoletas e afastadas e mortas.
Tudo sem drama.
O livro me lembra que a ideia de juventude eterna está presente para nós, como a busca da tal fonte que a garantiria.
Cirurgias, implantes, preenchimentos, exercícios… há tantas ofertas que a gente chega a ficar confusa ao abrir a internet.
O pior é que essa fixação na juventude faz com que as pessoas idosas sejam consideradas exatamente como no livro: obsoletas, ultrapassadas, desnecessárias.
Mas, pior ainda é que muitas de nós, pessoas mais velhas, nos consideramos cartas fora do baralho, como se não tivéssemos nada a fazer e estivéssemos, como já ouvi na televisão “fazendo hora extra”.
Esse é um grande engano, que muita vezes está na raiz da depressão e da ansiedade, pois mata a esperança.
Então, se não tenho nada a fazer… ótimo! Vou viver!
O que eu gostaria de ter feito e não fiz?
Esse tipo de lista faz muito bem, pois nos aponta um caminho novo.
Vou agora… estudar, participar de um grupo de teatro, fazer aula de canto, entrar em um coral gratuito, fazer coleta de alimentos para pessoas em situação de vulnerabilidade, ensinar interpretação de texto para crianças e jovens…
São tantas as ideias que nem dá para listar.
E nem escrevi viajar, passear, visitar pessoas amigas que moram longe, reencontrar antigos namorados…
Se não encontrar um grupo interessante onde mora, aqui vai a sugestão: forme um.
Ah, mas precisa saber.
Ninguém nasce sabendo — e só se pode aprender quando se coloca a mão na massa.
Proponha, e alguém vai aparecer.
Mãos à obra!
Solte-se!
O que não pode é deixar pra lá.
Vera Vaccari