Sempre comento que o furinho que tenho no queixo foi fruto das tantas vezes que minha avó Frutuosa, vulgo Tosa, apertava e dizia: “este menino vai longe”. Era padeira, trabalhadora, viúva. Não conheci o avô Pablo. Adorava quando ela ficava massageando minhas orelhas.
Obediente nunca fui, nem de pequeno. Mas digo que, por seguir sua vontade, acabei indo bem longe: Brasil.
E na América Latina e no Brasil acabei conhecendo e convivendo um tempo em várias culturas diferentes. Jeitos de viver bem variados. Mas uma questão sobre a presença das pessoas idosas na sociedade chamou-me a atenção. Cheguei a conhecer na Europa muitas pessoas de idade avançada quase abandonadas, meio perdidas\esquecidas nas praças, parecendo como um peso para as famílias e sem um papel na sociedade. Certamente não era assim em todas as famílias.
O PSOE, na década de 1980, época pós Franco e ingresso na Comunidade europeia, conseguiu mudar para muitos essa situação, com aposentadorias e direitos reconhecidos. Pouco depois foram muitas as famílias que se beneficiaram e cuja sobrevivência\renda principal eram esses direitos\pensões dos idosos.
Algo parecido vemos ainda entre nós. Especialmente na pandemia. Também golpes e bastantes abusos aproveitando as aposentadorias deles e o tal de consignado.
Na área de várias nações indígenas vi o abandono dos anciãos em alguma aldeia, mas muito mais a valorização e o respeito pela sabedoria e a experiência que eles tinham e transmitiam.
Também foi prazeroso ver no sertão de vários estados essa valorização e seu papel na sociedade. Como retentores do saber e construtores do atual.
Com muitos ou poucos erros ou acertos, temos muito a agradecer por tudo que eles aprenderam, viveram, conservaram e nos transmitiram. E é assim que a comunidade humana avança. No respeito por quem nos precedeu estamos todos incluídos. Está em jogo também o nosso futuro. Muitos poderão passar por isso um dia.
A legislação tem um papel também para melhorar e reforçar direitos num mundo, meio espartano, em que apenas quem produz ou está em pleno vigor é que tem valor. Mas cada um de nós, com certeza poderá encontrar o jeito de ser solidário e colaborar em ações que possam garantir dignidade e direitos a quem tanto fez. Cada um tem seu papel na sociedade. Esse é o nosso em reação a eles. E não apenas no dia do idoso, 01 de outubro.
Na bíblia, nos alerta o livro de Jó, 12,12: “o destino dos anciãos é ter sabedoria, e os velhos prudência”. E ”…eles não são apenas velhos, são sábios” 32,9.
“Se precisar exortar algum idoso, o faça como a um pai. Às mulheres como a mães”, Carta de São Paulo a Timóteo, ITm 5,1-2.
O Papa Francisco dizia que “os idosos são o nosso grande tesouro”. Com cada um de nós a palavra e a ação.