Quem nasceu, como eu, bem longe do mar, com certeza foi marcante a experiência de conhecer esse grande rio que “apenas tem uma margem e que tem muita mais água que a gente não dá para ver”.
Há rios como algumas partes do Amazonas que de fato não vemos a outra margem. Mas o mar… Dele não dá mesmo para enxergar a outra margem.
E pensando no mar, não falarei de filmes como Mar aberto, ou “Mar adentro” que aborda problemas de bioética, eutanásia etc. Penso em mar como força, amplitude de horizontes, espaço imenso aberto. Vejo como muitas vezes ficamos encaixotados, entre margens estreitas da vida, em situações que criamos ou que outros criam e as aceitamos e que nos oprimem e atam. Mas nascemos livres e para a liberdade. E é essa amplitude do mar, essa força que em breve estará sendo mais aproveitada, esse vai vem das ondas e marés, que são um chamado. Livres como o vento. Livres como o ar. Livres como as aves que estão a voar. Nós, sem asas físicas para voar. Mas com imaginação, sonhos, vontade, garra para ir além.
Como crescia a alegria dos marinheiros e seu ânimo quando avistavam aves marinhas, pois sabiam que a outra margem estava perto. Nos anime o “Terra à vista”. Em breve estaremos lá.
Esse mar bravo, “que às vezes só respeita rei”, também é o mar que a todos os rios acolhe. E nele, aos poucos, as águas se misturam. Às vezes demorando um pouco mais como no encontro das águas do Rio Negro em Manaus ou na saída do Amazonas no Atlântico. E a força e a riqueza que carregam todos enriquece a vida do mar e alegra o navegar.
Mar, sempre cantado por poetas e músicos. Esse mar que a todos iguala nos pode levar à outra margem desconhecida. A margem da liberdade e do respeito aos direitos para todos está logo alí. Ou todos, ou todos. O que afeta a um ser humano a todos nos afeta.
O paraíso é\foi mito e dele saiu o ser humano ou ainda é o um pouco o paraíso ou a Terra Sem Males sonhada para onde vamos? Ou um paraíso/céu prometido?. “Nuestras vidas son los rios que van dar a la mar (…) y en llegando son iguales”, de que falava o poeta Jorge Manrique.
A vontade de chegar na outra margem, é um desejo e um mistério. Será que viemos do mar e ao mar voltamos? Ir além, romper barreiras, acompanha o ser humano desde sempre. As religiões tentam dar suas respostas. Sigamos adiante. Sem perder a esperança. Como no Gênesis, não temos nenhum anjo com espada para não retornarmos ao paraíso.
A terra é redonda e não vemos essa margem, mas está lá. Usemos o que temos de bom em nossas mãos para tal. Juntemos forças. Transatlânticos, barcos menores, balsas… Navegar é preciso. Há muitos mais navegando. Não desanime. A outra margem desse grande e lindo rio da vida está logo aí.
Valeriano