Minha mãe costumava usar essa expressão.
Usar saia assim curta?
E essa pintura nos olhos?
Sair e chegar depois das 10 horas?
Tá louca? O que a vizinhança vai pensar?
E o pior é que eu ainda escuto as mesmas palavras de outras pessoas hoje, falando para outras.
Essa é uma forma muito irritante de dizer que não se quer algo, sem assumir a responsabilidade por isso.
A responsabilidade pela própria ação é jogada para fora, para a vizinhança, aquele grupo sem rosto, sem expressão.
E, com isso, o diálogo vai para o espaço, não há troca, não há explicação de porque algo não é adequado.
O resultado não pode ser bom, pois o relacionamento sofre.
E, quando deixamos de fazer algo que queremos com medo da opinião da tal “vizinhança”, vivemos num mundo moralista, não moral e muito menos ético.
Inventamos regras — e nos obrigamos a segui-las.
Viver, depois dos sessenta, voltadas para a tal vizinhança é o caminho da infelicidade.
Fora dessa!
Vera Vaccari
Foto destauqe: Foto de Min An no Pexels