Um de meus sobrinhos é cantor lírico. Além da linda voz, é muito estudioso.
No início da carreira, ainda na faculdade de música, cantava em um coral que um dia se apresentou em uma cidade do interior.
A mãe dele, minha amiga e eu, macacas de auditório (ih, não sei se é preconceituoso…), pegamos a estrada, pra prestigiar.
Terminada a apresentação, abanamos a mão de longe (ele ia voltar com os outros integrantes) e voltamos pro carro.
Aberta a porta, o susto.
Uma barata, tão grande que parecia a mãe de todas as baratas, descansava no painel.
O que fazer, num domingo às dez da noite, numa cidade desconhecida?
Viajar, sabendo que a barata, que tinha se escondido, poderia reaparecer? Pior, tentar subir nas nossas pernas?
Horror!
Por sorte, vimos que uma senhora entrava em casa ali perto.
Fui lá, humildemente, contar a triste situação e pedir um ajutório. No caso, o uso de inseticida, se ela tivesse.
E ela tinha! E ofereceu! E, ainda por cima!, foi ajudar na caça ao terrível inseto.
Éramos quatro, cada uma tendo direito de pulverizar o veneno.
Demos alguns minutos, agradecendo e falando mal desses insetos, que atrapalham até os passeios de domingo entramos no carro e partimos.
Para parar um quarteirão depois, sufocadas.
Caminhamos um pouco, achamos um boteco e jantamos divinas comidas caseiras.
Enfim, conseguimos entrar no carro e voltar para São Paulo sem morrer asfixiadas.
No dia seguinte, minha amiga aspirou a barata morta.
Claro que tivemos de aguentar muita gozação, uma jogando pra outra outra o susto e o grito. A história cresceu, até chegar a juntar multidão em volta do carro.
Depois, passou a ser contada na família como o caso da barata da tia.
Enfim o sucesso!