Lembrei-me da abertura dos filmes do Super-Homem, de quando eu era menina.
É um pássaro? Um avião? É O Super-Homem!
Vivenciei pela primeira vez o constrangimento de alguém falar comigo como se eu fosse uma criança.
Minha mãe costumava dizer, quando lhe ocorria algo assim: não sou sua tia ou avó. Chame-me de dona Judith. E me trate como adulta.
Eu achava antipático, que ela podia falar o mesmo de forma diferente.
Mas, quando a moça do laboratório explicou o exame que ela faria dos meus dentinhos, assim, no diminutivo, fiquei tão assim, nem sei dizer, que preferi não dizer nada.
Ela me infantilizou tanto, que me admirei de que não tivesse me oferecido um pirulito.
Se tivesse, eu teria pedido um sabor caipirinha.
Entendo que pessoas jovens muitas vezes ficam preocupadas ao se dirigir a pessoas mais velhas.
Querendo ser amigáveis, acabam por demonstrar o preconceito de que idosas devem ter algum problema de compreensão e optam pelo acreditam ser a fala adequada.
É um problema de uma sociedade que não educa para a convivência entre as diferentes idades.
Pra quem gosta de psicologia, uma convivência intergeracional. Palavra bonita.
Agora, espero estar mais preparada para ensinar as pessoas que se dirigem a mim desse jeito, explicando que prefiro ser tratada como adulta.
Se a pessoa me achar grosseira, lamento.
Com certeza, vai aprender a agir de outra forma.
Vera Vaccari