Você tem alguma amiga cujos problemas são todos causados por outras pessoas?
Família, chefia, vizinhança… o que seja, elas não têm qualquer responsabilidade sobre as brigas.
Às vezes, fico até encantada, ouvindo os malabarismos de uma pessoa conhecida para explicar a fonte de seus problemas. Ela, coitada!, é um anjo, perdida em um mundo de maldades.
Gostaria de um dia poder entrevistar sua família e colegas de trabalho, para ouvir a versão deles.
O grande filósofo, Jean-Paul Sartre escreveu que “o inferno são os outros”.
Nossos problemas surgem mesmo nos relacionamentos.
Mas isso não significa que não participemos deles de alguma forma.
Temos expectativas, que podem — e são — frustradas todo o tempo.
Adultos não recebem nada de mão beijada, nem atenção todo o tempo, nem elogios a toda hora.
Amigos e amigas, filhos e filhas, netos e netas, maridos e esposas… também têm suas expectativas e necessidades.
A questão não é se colocar de lado, mas sim reconhecer o que é possível e necessário dar e receber.
E isso, embora pareça fácil e simples, não é fácil de conseguir.
Requer um profundo trabalho de autoconhecimento, que não ocorre do dia para a noite.
E pode requerer ajuda.
O primeiro passo é pegar o último problema vivido em um relacionamento afetivo e tentar entender sua participação nele.
Você exigiu demais ou, ao contrário, se colocou de lado, como se não tivesse importância?
A partir dessa compreensão pode ser que possa dar um salto para mudar algo que não está bem.
Experimente — e depois me conte o que descobriu.
Vera Vaccari