Para descansar, crochê. Já mostrei aqui as lindas colchas e toalhas que fazia.Acostumei-me, desde criança, a ver minha mãe com as mãos sempre ocupadas.
Se não estava trabalhando (meus pais tinham uma loja de armarinhos), estava cuidando das coisas em casa.
Para descansar, crochê. Já mostrei aqui as lindas colchas e toalhas que fazia.
Não me dei bem com crochê e nem com tricô.
Aliás, sou péssima em trabalhos manuais.
Sempre gostei de ler – e queria fazer tricô e ler ao mesmo tempo, com resultados catastróficos para o tricô.
Na escola, houve uma época em que quiseram me ensinar a bordar, mas, depois houve uma boa alma que me possibilitou trocar os “trabalhos manuais” por datilografia, o que agradeço até hoje.
Na adolescência, aprender a costurar foi uma verdadeira tragédia grega.
Quem ficava com pena e me ajudava a marcar as barras era o meu pai, sem que minha mãe visse.
Minha mãe começou a trabalhar muito cedo (aos 6 anos entregava pão nas casas; daí passou a lavadeira, costureira, vendedora nas casas…) e queria porque queria que a pobre filha fosse um primor. Morreu frustrada nesse quesito, sinto dizer.
Mas, em algum momento, lá pelos 40 anos, descobri o arraiolo, que bordava à noite, depois do trabalho, até que a rinite me impediu de ter contato com lãs.
Quando Valeriano comprou um sítio, entrei em contato com o fuxico.
E adorei a experiência.
Principalmente depois de descobrir que esse tipo de arte manual, assim como crochê, tear, arraiolo e outras, faz parte da cultura de diferentes locais.
Fiz até bandô da cortina da sala com fuxicos coloridos. Um luxo.
Ao mesmo tempo, com Valeriano escrevi livros, dei palestras e cursos, fiz horta e canteiros… Isso sempre mantendo meu consultório de psicologia, claro.
Hoje, depois de dez anos, retomei a atividade e fiz enfeites para as poltronas do consultório. E quero fazer o bustiê de um vestido de verão para minha sobrinha-neta.
Entendo que seja preciso apresentar o mundo, com suas possibilidades e dificuldades, para crianças e adolescentes.
As coisas não são fáceis – e é importante aprender que temos de buscar nossos sonhos dentro de uma realidade que nem sempre é favorável.
Mas, cá entre nós, também temos de nos lembrar do nosso passado, dos sofrimentos desnecessários, quando tínhamos de nos dedicar a algo que não estava em nós fazer.
Então, agora, pergunto, se nós, com nossa bagagem de conquistas e frustrações, estamos perguntando o que os mais jovens desejam fazer, para ajudá-los na reflexão, no questionamento, em ver caminhos ou impossibilidades, ou se apenas queremos que sigam o que achamos melhor. Para nós.
Vera Vaccari