Por Valeriano Martin Casillas
Nos saudosos tempos em que morei em Roma, a ragazzina Rita Pavone cantava “La pioggia” …
“A chuva não molha mais nosso amor quando o céu é azul
Ela não existe, se tu me olhas
Larga o guarda-chuva, não serve mais” a chuva já parou.
Mas, não é dessa chuva que me vem a lembrança… Na passagem do ano, saía ao terraço do Colégio Internacional de Roma, onde morava, para ver os fogos e o pouco recomendado costume que muitas pessoas mantinham. Pelas janelas, para a calçada e às ruas, jogavam cacarecos, cadeiras, objetos barulhentos e desnecessários para elas. Um perigo para os poucos carros ou pessoas que precisavam sair. O certo era esperar essa chuva passar.
Aliás, as mudanças climáticas, com a contribuição humana, cada vez são mais fortes ou escassas. Sobram enchentes e nos falta chuva nos reservatórios. Sobram os fogos, ainda barulhentos, e nos faltam abraços solidários. Quanta coisa a deixar de lado para iniciar um ano novo mais leve. Mas, o que jogar fora?
O céu não esteve, nem ainda está, especialmente para nós, nada azul. Tormentas, dificuldades, medos, ansiedades, doenças, mortes desnecessárias, omissões… Olhar e rever o passado pode ajudar a enfrentar o futuro incerto. E não pode faltar a esperança.
Na curta viagem que estamos fazendo é pequena a bagagem que podemos levar sem pagar muito caro por ela. Não dá para despachar. O jeito é andar um pouco mais leve para “hacer camino al andar”. Roupa e calçado apropriados para o caminhante, e uma boa alimentação, pois “con pan y vino se hace más leve el caminho”. Sejam a solidariedade, o compromisso, a esperança um pouco de tudo isso.
Devagar, “golpe a golpe, paso a paso”, pero animados. Há luz lá na frente. E você pode ser também uma vela ou lanterna do celular nessa escuridão. Ânimo. Deixa o que te pesa e angustia. Não durma com seu inimigo. Assuma sua bagagem positiva. E se a chuva ainda chegar, abra o guarda-chuva ao contrário e recolha essa água para reuso. Avanti.
Boa passagem de ano.