Uma das minhas amigas tem uma irmã que mais parece amiga da onça do que de gente.
Liga todos os dias para a irmã, minha amiga, para reclamar da vida.
Minha amiga, vou chamá-la aqui de Maria, ouve com toda a paciência do mundo e ainda por cima dá conselhos.
No dia seguinte… não falha!
A irmã liga para reclamar que Maria deu a ela um péssimo conselho, que atrapalhou, em vez de ajudar.
E Maria, mais uma vez, ouve com toda a paciência do mundo… e dá conselho.
Claro que quando desliga o telefone está acabada, sentindo-se culpada pelo sofrimento da outra.
Leva um tempão até se sentir melhor, pois pega para si mesma os problemas da outra.
Tentei explicar a ela várias vezes que é bom para quem está em dificuldades ter alguém com quem conversar e discutir possíveis saídas.
E é bom poder ouvir e, quando possível, dar sugestões.
Mas nem sempre as pessoas reclamam porque querem resolver os problemas ou tentar vê-los a partir de outros ângulos.
Às vezes, querem apenas reclamar e jogar a responsabilidade da própria vida sobre quem não tem nada a ver com o peixe.
Então, dizer, como as crianças, “ema, ema, ema, cada qual com seu problema”, nem sempre é egoísmo.
Pode ser uma forma de se manter saudável.
E você, tem com quem conversar? E a quem ouvir?
Vera Vaccari