O MARTELO DAS BRUXAS

Vejo em revistas e na internet convites para o Halloween, também chamado de Dia das Bruxas.
Aqui no Brasil, muitos comemoram essa festa importada usando nosso maravilhoso folclore, com saci-pererê, boitatá, mula sem cabeça e outras figuras. E até mesmo chamam de Dia do Saci.

Mas, quero dizer que me incomoda o tal Dia das Bruxas.
Mulheres consideradas más e capazes de fazer maldades existem em todas as culturas.
A bruxaria servia para explicar o surgimento de doenças entre seres humanos e animais, a destruição de colheitas e rebanhos e outras calamidades, só compreendidas com o advento da ciência.

Na Europa cristã havia a mesma crença, não importa se herdada ou não de outros povos, antes do cristianismo.
Em 1497, dois clérigos cristãos lançaram um livro, explicando como descobrir e matar bruxas.
Na verdade, é um manual de tortura e assassinato.

Tortura e assassinato especialmente de mulheres, pois o livro tinha o claro objetivo de perseguir bruxas, assim, no feminino.
Segundo os autores, seria mais fácil para o diabo lidar com mulheres, seres inferiores, do que com homens, seres… superiores.
Melhor ainda perseguir mulheres pobres, em especial as solteiras ou viúvas, que não teriam quem as defendesse.
Ah, vamos acrescentar as mais velhas: ao pensar em bruxas, já vemos aquela mulher velha, desdentada, o que faz destacar o queixo e o nariz.
Mas, hoje a sociologia e a história nos explicam que a perseguição decorria do fato de que as mulheres dominavam o que se conhecia na época sobre o tratamento de doenças, por meio do uso de plantas, e a reprodução. Eram elas que acompanhavam partos, tratavam da mulher grávida, realizavam abortos…
Esse conhecimento dava poder às mulheres, o que não podia ser permitido em uma sociedade baseada na supremacia masculina.
Daí as perseguições, que levou milhares de mulheres na Europa à tortura e à morte na fogueira.
Escrevendo, lembrei de trechos de dois filmes, em que aparecem bruxas julgadas e maltratadas, a caminho da fogueira: O sétimo selo e O nome da rosa.
Há muitos filmes sobre as bruxas de Salem, queimadas nos Estados Unidos.
E escritor brasileiro Dias Gomes falou do bem e do mal usando uma jovem brasileira, Branca Dias, condenada por ter salvo um homem que se afogava.
E ainda há quem não entenda a importância do feminismo, não para dizer que mulheres são mais importantes do que os homens, mas sim que todos temos os mesmos direitos e deveres.

Vera Vaccari


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