Li há alguns anos que a menopausa não acontece por qualquer razão.
As fêmeas das diferentes espécies chegam muitas vezes à velhice sem interromper o ciclo reprodutivo.
Por que, então, isso não ocorre com as fêmeas humanas?
A explicação era de uma antropóloga.
Ela chamava de “hipótese da avó”. Hipótese porque não podia ser provada, mesmo que parecesse muito bonita e verdadeira.
Segundo essa hipótese, o fato de não ter mais filhos deixava a mulher mais velha livre para utilizar sua experiência, ajudando as mais jovens nos seus trabalhos e a cuidar dos filhos. Dessa forma, beneficiava a comunidade.
Penso nas senhoras idosas, em grupos indígenas, por exemplo, ensinando as mais jovens a cuidar de crianças, da roça, da saúde de todos, a plantar, a colher, a pescar… Em resumo, a viver.
O contrário ocorre em uma sociedade como a nossa, que valoriza a tecnologia acima de tudo, em que só o novo é visto, em que o antigo é desprezado.
Até mesmo pessoas são consideradas ultrapassadas, fora de moda, um peso e o conhecimento acumulado por mulheres e homens é desvalorizado.
Mas a vida não é feita de máquinas e tecnologias.
No Canadá, crianças órfãs foram viver com pessoas idosas, moradoras em residências de longa permanência.
Como resultado, todos saíram ganhando, pela possibilidade de receber e dar carinho, trocar experiências.
Pessoas idosas, por terem uma atividade importante e exigente, que é cuidar de crianças.
Crianças, por terem pessoas de confiança, com quem podiam contar.
A experiência canadense nos mostra que ninguém é desnecessário ou “faz hora extra”. Ou, como disse uma funcionária do Ministério da Economia, a vantagem do covid é que libera a fila do INSS.
Com respeito, todos temos a ganhar.