Por acaso, assisti a um filme muito interessante, sobre como os israelenses retiraram o criminoso nazista Adolf Eichmann da Argentina para que fosse julgado em Israel pelos crimes cometidos.
O título é Operação Final.
Sobre o tema, para quem se interessar, há um livro, da filósofa Hannah Arendt, que assistiu ao julgamento na qualidade de jornalista: Eichmann em Jerusalém, um relato sobre a banalidade do mal, que não me canso de ler. Sobre ela e o livro, há um filme: Hannah.
Há no filme Operação Final cenas sobre a família de Eichmann, que despertaram minha curiosidade.
Assim, acabei pesquisando na internet sobre o que era verídico ou não sobre a família do criminoso apresentada no filme.
Vai daqui, vai dali, eis que leio relato do filho de outro criminoso nazista. De dia, ele era o responsável pelos campos de morte na Polônia. À noite, como bom pai, jantava com os filhos e tocava piano com eles. Assim como Eichmann, que na Argentina passava por bom cidadão, trabalhador e pai de família, esse outro também era considerado ótima pessoa pelos amigos nazistas: fazia seu trabalho (garantir o extermínio de judeus, além de homossexuais, ciganos e outros, considerados inimigos pelo regime), cuidava da família, convivia com os amigos… Provavelmente ia ao culto dominical.
Escrevo isso pensando que temos de ter muito cuidado ao falar do que é uma pessoa de bem.
Aí se mostra o que pensamos realmente: vemos apenas o que queremos ver, o exterior, ou reconhecemos a ação destrutiva que uma pessoa pode ter.
Cansamos de ver “homens de bem” acusados de assédio, estupro, corrupção…
Minha pergunta, para nós, envelhescentes, que não precisamos mais de lentes cor de rosa para ver o mundo: o que queremos ver?
Vera Vaccari
Foto: Google Imagens – Filme Operação Final