A tomada de poder pelo Taliban, no Afeganistão, representa um sério revés para nossas irmãs afegãs, que estão com muitos de seus direitos ameaçados. Estudar, trabalhar, escolher namorado ou marido, sair à rua… estão longe das possibilidades da maioria delas, com a atuação desse grupo. Ser obrigada a casar antes dos 12 anos, nem sonhar em ter relacionamentos homoafetivos são outros sofrimentos mais.
A filósofa e escritora Simone de Beauvoir, há décadas, já mostrou como as posições muito conservadoras, que hoje chamamos de fundamentalistas, atingem logo de cara os direitos das mulheres. São aquelas baseadas em uma leitura ao pé-da-letra dos livros sagrados, como se ainda vivêssemos como há 3000 anos.
Isso é assustador, pois até mesmo aqui no nosso País, em que a luta das mulheres levou a tantas conquistas, ainda encontramos líderes religiosos com discursos antigos, contra os direitos das mulheres. Li de um senhor, com milhões de seguidores, afirmando que as moças só devem estudar até o ensino médio. E isso em um país em que a maioria dos estudantes, da pré-escola à universidade, é constituída por mulheres. Daí minha surpresa quando ele não foi contestado pelas seguidoras, muitas das quais, se não fizeram estudos superiores, têm filhas, irmãs, netas em faculdades.
Esse mesmo, ou outros, botam pra fora todas aquelas ideias conservadoras: proibir métodos anticoncepcionais e educação sexual (com a desculpa de que “ensina” a fazer sexo), defender pagamento menor por trabalho igual aos dos homens, falar contra o divórcio, defender que a mulher “aguente” a violência física ou sexual doméstica (pois o marido é o senhor) e por aí vai.
Mulheres de todas as idades constituem mais de 50% da população.
Mesmo sem contar com as meninas e aquelas no início da adolescência, formamos um grande grupo.
Se nos juntarmos para defender nossos direitos – e conquistar outros mais – a vida com certeza será bem melhor.
Vera Vaccari
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