Valeriano também gosta de lembrar causos e se preocupa em levar adiante o que aprendeu com minha mãe. Lembra-se pouco da dele na cozinha porque foi muito cedo para estudar em colégio interno e no seminário.
Minha mãe era muito econômica.
Fazia pudim de leite na panela de pressão, pois o forno só era ligado em algumas ocasiões – e aí era feito de tudo: assava-se frango, torrava-se pão, fazia-se pudim de pão…Ela usava na cozinha, seja para temperar o feijão do dia, seja para o pudim, um caldeirãozinho que comprou quando do nascimento do meu irmão, falecido há pouco mais de dois anos.
Com certeza, um caldeirãozinho com mais de sessenta!
Mais um pouco e será considerado antiguidade.
Com a partida do Wilson, Wil para nós, Valeriano herdou o famoso caldeirão.
Uma simples panela de alumínio, amassada… mas muito bem cuidada por ele.
Ele sempre diz que o pudim de leite preparado pela mãe era o melhor do mundo e foi treinando, treinando, treinando… até conseguir fazer um quase igual.
Entendi, pelas explicações, que o segredo está no caldeirão, mas, me desculpem, ainda acho que está no que vai dentro.
A receita é a de sempre, ditada por ele para constar neste espaço.
Ingredientes:
01 lata de leite condensado de 395g
02 copos de leite
04 ovos
Calda de açúcar
Prepare a calda no próprio caldeirão, com 4 colheres de açúcar branco. Deixe dourar.
Se preferir, faça em outra panela e depois despeje no caldeirãozinho.
Bata os outros ingredientes no liquidificador e despeje no caldeirãozinho.
Cubra com papel alumínio e amarre com barbante. (Fofoca: na primeira vez, ele só cobriu, sem amarrar. Só posso descrever o resultado como água de pudim.)
Leve à panela de pressão cheia de água até à metade.
Tampe e leve ao fogo.
Deixe cozinhar por aproximadamente 35 a 40 minutos de pressão.
Uma vez pronto, deixe esfriar.
Sacuda um pouco para confirmar que não está grudado e vire no recipiente escolhido.
Na verdade, era assim, até que Valeriano começou a dar de presente os famosos pudins.
Eu via fazer, sentia o aroma do açúcar queimado e do pudim cozinhando e… nada!
Quando ia procurar, ele já tinha levado embora para alguma amiga.
Ia deixar por isso mesmo?
Nunca!
Depois de explicar a ele que estava colocando em risco décadas de casamento e de ameaçar roubar meio pudim, se eu conseguisse colocar as mãos no famoso caldeirão, ele comprou outro.
Desde então, faz dois pudins.
Cozinha um, depois o outro.
O mais bonito fica para mim, claro.
Bom apetite!
Vera Vaccari