Sempre gostei muito de ler.
Há alguns anos, quando Valeriano conheceu algumas das primas da minha idade, riu muito com as histórias que elas lhe contaram.
Quando adolescentes, passávamos alguns dias de férias na casa de uma das minhas tias.
E tínhamos de dividir o trabalho de limpar e cozinhar.
Eu, bem, não há outra forma de dizer… não dividia.
Minhas primas ainda se lembram de como vinham varrendo a sala e eu apenas erguia os pés.
E, o mais engraçado, que cheguei a querer cozinhar com um livro nas mãos, com os resultados esperados…
Mas os livros também nos dão grande oportunidade de aprender sobre a vida, a não nos deixarmos enganar.
Estes dias, recordei de um texto que me ensinou muito: a observar com cuidado antes de comprar ideias hipócritas.
O texto é de William Shakespeare e tem por título Medida por medida.
Aliás, quem acha que os tais clássicos são chatos está pelo menos muito enganado(a) – ou leu poucos deles.
No livro, um duque vê que os costumes na sua corte estão deteriorados.
Resolve afastar-se, deixando um ajudante, tido como o mais correto de todos os homens, no cargo de administrador.
O homem institui imediatamente a pena de morte para qualquer situação que agrida a moral e os bons costumes.
Até que condena à morte um rapaz, por ter engravidado uma moça.
A irmã do rapaz, uma linda noviça, vai procurá-lo, pedindo para modificar a pena.
Vai daí…
Leia o texto, minha amiga, e vai ficar com aquele gosto doce—amargo de ver como alguns textos são universais.
E como temos de nos cuidar, para, como o duque, não deixar que a hipocrisia nos deixe cegas.