O TOURO E A EDUCAÇÃO SEXUAL

Sabe aquele desenho animado, quando mostram o pano vermelho para o touro?
Os olhos dele saltam das órbitas – e ele avança, com fogo nas ventas.
Senti-me assim, que nem touro enfurecido, a caminho de uma consulta.
O taxista, jovem e educado, era bom de conversar…
Tudo ia bem, até que…
Ele começou a falar sobre como a educação sexual na escola tinha por objetivo ensinar as crianças a fazer sexo.
Pior.
Falou a sério das tais mamadeiras de bico em formato de pênis que vimos na televisão.
Virei o touro bravo, lançando chamadas.
Chamei-o educadamente de “meu senhor”, mas soltei o verbo.
Comecei pedindo para ele olhar pelo retrovisor para meus cabelos brancos.
E me imaginar ensinando crianças e adolescentes a fazer sexo.
E, depois, a imaginar mulheres, jovens ou mais velhas, cuidadoras em creches, a fazer uso de tal mamadeira pornográfica.
Ideia porca. Imunda como a cabeça de quem inventou.
Vejo em palestras e em consultório como a educação sexual fora de rumo traz dor e sofrimento.
Mulheres divididas, como em séculos passados, entre “sérias”, pra casar, e “outras”, pra transar.
Mulheres consideradas inferiores aos homens, sem direito a buscar seus sonhos na vida, sem poder decidir estudar o que querem, casar ou deixar de casar, ter filhos ou não…
Homens e mulheres homossexuais, travestis, transexuais… sendo considerados inferiores e sujeitos a ofensas verbais e muitas vezes a espancamentos.
Mulheres que sentem dor na relação sexual ou não conseguem ter orgasmo – e são ofendidas por seus companheiros.
Homens que não conseguem ter ereção ou ejaculam muito depressa, ficando frustrados e causando frustração para sua parceira ou parceiro.
Outra lista que vai longe, se formos lembrar as situações que encontramos todos os dias.
E muitas dores que poderiam ser pelo menos diminuídas com uma educação sexual abordando que
— meninas e meninos, homens e mulheres, são iguais em direitos
— todas as pessoas, não importa a sexualidade, a cor, a idade, a origem… têm direito a uma vida em que se sinta aceita e valorizada
— sexo é uma das formas humanas de expressão
— ninguém deve ser obrigado(a) a transar ou fazer qualquer prática
— não há mulheres pra isso ou pra aquilo
— não há nada de vergonhoso no corpo ou no desejo
— crianças devem ser respeitadas em todos os sentidos
— todas as pessoas devem aprender a responsabilidade de cuidar de si, cuidar do outro, cuidar do mundo
É dentro dessas ideias – e de muitas outras — que a educação sexual se desenvolve.
Sempre de forma respeitosa, atendendo às necessidades de cada idade.

 

Imagem: googleimages


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