Aproxima-se agora o Dia dos Namorados.
Outro grande momento do comércio no Brasil.
E um ótimo tempo para conversar com os jovens sobre as relações afetivas, não importa se hetero ou homo ou bi ou outra forma possível dentro da nossa humanidade.
Moças, em especial, muitas vezes viajam no romantismo e caem em ideias que só podem levar ao sofrimento.
E lá vão repetindo as mesmas ideias de quando se amarrava cachorro com linguiça, como dizia minha avó para explicar algo muito, muito antigo.
— Amor cura tudo.
Cura o que pode ser curado.
E é preciso deixar de confundir desejo ou posse com amor.
— Ele tem ciúme porque me ama.
Uma dose mínima de ciúme pode não ser maléfica.
Mas o ciúme não pode empatar a vida de ninguém.
Deixar de estudar, abandonar as amigas e a família, não se apresentar para promoção no trabalho… não são ações benéficas.
Em longo prazo, vão mostrar o quanto podem ser destrutivas.
Mas, vale a pena esperar o tempo mostrar ou é melhor agir agora, e delimitar espaços?
— Todos os homens são iguais.
Não é verdade. Há todos os tipos de homens, inclusive os que defendem os direitos das mulheres.
— Homem é assim mesmo, tenho de aceitar.
Uma mulher que aceita algo que pode fazê-la infeliz está plantando alface no meio do mar – e pode, além de não conseguir alimento, morrer afogada ou abocanhada por um tubarão.
— Todas as mulheres estão atrás do meu namorado.
Essa é muito triste, pois coloca a criatura, muitas vezes um traste machista, como se fosse o único diamante verdadeiro, ao passo que às mulheres são atribuídas todas as maldades.
— Ele me xingou, mas depois trouxe flores e ficou tudo bem.
Não vou nem acrescentar aqui “ele me deu uns tapas, mas foi coisa pouca”, pra não começar a chorar.
— Sei que ele é assim agora, mas vai mudar depois.
Essa é de doer mesmo, não? Há homens que mudam com as experiências – e muitas vezes com psicoterapia –, mas nada garante que com esse um aí vai ser assim.
O que vejo na maioria das vezes é que ele pode até mesmo mudar – pra pior.
Gosto dessas listas, pois ajudam a ver a grande tarefa que temos à frente.
Mas, se apesar da sua idade, depois dos sessenta, você pode ainda passar para mulheres jovens essas ideias, pense no mal que elas podem continuar causando.
Romance é bom, amor existe, relacionamento pode ser dez.
Mas, tapar o sol com a peneira, como dizia minha tia, não leva a nada de bom.
Taí o número de moças agarradas a ideias românticas e levando tapas da vida.
E vão levar, até aprender (e nisso podemos ajudar) que relacionamentos custam.
Tempo, esforço, solidariedade, respeito, acolhida, reciprocidade, paciência, confiança…
Devemos esclarecer isso a elas – e a nós mesmas.