Estamos vivendo uma situação que nunca imaginamos antes: uma população toda que precisa ser vacinada contra o covid e sem vacinas suficientes, pois não foram compradas quando deveriam ter sido, na metade do ano passado.
Acho isso incrível, no sentido de horrivelmente inacreditável.
Uma dona de casa que aconselhasse o ministro da saúde poderia dizer-lhe que teria de ir às compras antes de que o preço subisse ou o produto desaparecesse das prateleiras do supermercado.
Pena que o bom-senso nem sempre tenha espaço onde deveria.
Mas, agora, queria falar também de outra vacina.
Por cerca de dois anos, uma das minhas amigas falou que devíamos tomar vacina contra herpes zoster.
Seu pai havia tido essa doença, no final da vida, e passado por grande sofrimento.
Depois de pesquisar, entendi que era recomendada para pessoas com mais de 60 anos e evitava o que na minha infância era chamado de cobreiro.
Lembrei até que minha mãe tinha me levado pra ser benzida. A mulher escrevia na barriga da gente e passava pólvora em cima. Tenho certeza da pólvora, pois ela abria uma bombinha de São João pra usar o recheio.
O caso é que fiquei arrepiada ao ler sobre os sintomas: bolhas muito doloridas na pele, acompanhando o caminho dos nervos.
Ano passado, decidi que estava na hora de parar de pensar e ir para a ação.
Como todas as pessoas, também acho que as coisas não vão acontecer comigo. Mas, como dizia alguém da minha família, seguro morreu de velho.
Procurei uma clínica de vacinação, marquei hora para duas pessoas, liguei pra minha amiga e lá fomos nós.
Um ano depois aconteceu o impensável.
Minha amiga vacinada, nesse estresse todo de covid, home office, casa e tudo o mais, teve uma crise leve de herpes zoster.
Teve borbulhas doloridas, desconforto, irritação, passou algumas noites sem dormir, foi medicada… Logo a doença se foi.
Mas uma amiga nossa teve uma crise de arrepiar.
Pior, passou por vários médicos até alguém fazer o diagnóstico correto. Aí, já estava com partes da cabeça e do pescoço tomadas.
Um dos problemas da vacina é o alto preço, enquanto o tratamento é relativamente barato.
Em termos econômicos, claro.
Em termos de sofrimento, vale a vacina.
E, acima de tudo, vale a luta para que o SUS inclua essa vacina na lista daquelas que devem ser disponibilizadas para pessoas acima de uma certa idade.
Viver não é apenas respirar: é estar de bem, sem sofrimentos que podem ser evitados.