GENTE, O NATAL MUDOU PRA MAIO?

Li uma vez um texto de um norte-americano vivendo em São Paulo sobre o dia das mães.

Para ele, parecia que de repente o Natal havia mudado para o mês de maio, tanta gente correndo com presentes nas mãos, restaurantes lotados, trânsito congestionado.

E chega agora um novo dia das mães, um novo maio, o segundo em meio à pandemia.

Mais do que nos presentes e correrias, penso nas dificuldades de estar juntos nesta fase de distanciamento social, para nos proteger e proteger aos demais, em especial aos que mais amamos.

Vamos curtir juntos, mesmo que à distância.

Mas penso também em mães e filhos e filhas que não podem estar juntos por outras razões.

Muitos se foram entre os mais de 400 mil levados pela pandemia e pelo descaso.

Penso nas mães que perderam seus filhos, para a morte ou para a vida, pois, como diz a música, “para não ser vida não precisa se morrer”. Está aí, dolorida, a morte em vida trazida pelas drogas lícitas ou ilícitas.

Penso nas muitas mães indígenas, que, nas lutas para defender sua terra, não podem dar a seus filhos todos os cuidados que gostariam. Não podem plantar suas lavouras e, portanto, não podem colher o alimento, sustento da vida.

Penso nas muitas mães negras, que, em vários locais deste grande País, choram a perda de seus filhos, alguns ainda crianças, encontrados por balas que se achavam perdidas.

Penso nas mães de homens e mulheres em presídios. Ao passar pela estrada, vejo-as fazendo filas diante das portas, pagando penas juntos aos filhos e filhas. Sem um local para sentar, sem um único pé de planta para fazer sombra, carregam às vezes o que podem levar, nem que seja meia dúzia de pães.

Penso em tantas mães maltratadas e mesmo espancadas por filhos e filhas. Talvez muitas delas não tenham sido nem boas mães nem boas pessoas, mas merecem ao menos o tratamento de gente.

Penso naquelas que cuidam sozinhas de seus filhos e filhas, pois sabemos que, na nossa sociedade, ainda se permite que o homem, ao se separar da mulher, se separe também de seus filhos e filhas, sem que ninguém os critique.

E fica aqui um grande abraço a todas as mães, tanto as que escolheram quanto as que seguiram o que se esperava delas.

E faço uma homenagem a uma mulher maravilhosa, minha mãe.

Salve, Judite.

 


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