Não me lembro de como aconteceu.
Pode ter sido algo que aprendi na infância, esqueci, e que um dia ressurgiu: meu interesse por plantas.
Meu pai deixou a enxada perto dos 50 anos, quando nasci.
Mas, onde ia, fazia questão de plantar algo, de cuidar de alguma planta necessitada.
E, no quintal de casa, em São Caetano, plantava milho.
Eu ajudava (?), jogando nos buracos alguns grãos.
O plantio de um pequeno quintal demorava, pois a cada vez ele tinha de me convencer a tirar os grãos em excesso, que eu jogava para garantir.
Comemos muitas pamonhas desse quintal.
E não é que me casei com um homem com um jeito parecido com o do meu pai?
Acho que para confirmar o que disse o famoso tio Sigmund (Freud).
Um dia vou falar do sítio que tivemos em Juquitiba, aqui perto de São Paulo.
A história agora é sobre a minha rua.
Quando mudamos, o quarteirão era feio.
Em volta da maioria das árvores não havia canteiro.
Então, resolvi plantar orquídeas.
Dizem as péssimas línguas (as das minhas amigas mais chegadas e da minha família) que, quando resolvo fazer algo, conto com a mão de obra gratuita do meu marido, Valeriano.
Mas, subi em muita escada, amarrando orquídeas, e carreguei baldes de água, para regar canteiros que ele plantava.
Ate fui — com ele, claro! — fazer curso no Orquidário Morumbi.
E os canteiros foram sendo conquistados; as árvores, enchidas de orquídeas; a rua, embelezada.
Diante de vizinhos simpáticos, amigáveis, antipáticos, grosseiros… plantamos o que foi possível.
Até a faculdade do outro lado da rua, que não cuidava de nada, assumiu os canteiros plantados e melhorou a fachada.
O quarteirão mudou.
Hoje, ao sair à rua diante do sobradinho em que moramos, nos deparamos com flores.
As mais vibrantes são as damas da noite, que, já o nome diz, só florescem à noite.
Às vezes, só as vejo em fotos, como essa, pois vou dormir antes delas.
Nem por isso deixo de curti-las.
E, com certeza, a vida fica melhor.