Fazer uma live, eu?! Tá louca?

Respondi assim para Carla Zeglio, a amiga que me convidou para falar sobre direitos da mulher para uma audiência de mulheres.

Ela não aceitou o “não”, dizendo que quem dava aula não tinha direito a ficar ansiosa pra fazer live. E lá fui eu, uma noite, fazer minha primeira live falando sobre direitos da mulher, lembrando a Constituinte.

Pra começar, uma lista de recomendações da minha amiga sobre o que fazer.

— Olhe para a câmera do celular, não para o chão e nem para as paredes.

— Fale com clareza, como se estivesse dando aulas.

— Lembre-se de respirar, não quero levar ninguém pro Pronto-Socorro.

E também sobre o que não fazer:

— Não se desespere.

— Não saia correndo.

Comecei e fui adiante como pude.

Gaguejei, esqueci o que ia dizer em alguns momentos, desviei do tema…

Mas, no final, tudo deu certo.

E acabei curtindo muito a experiência.

O medo diante do novo é normal e protetivo.

Mas pode acabar nos protegendo do bom, das experiências que a vida nos traz, trancando nossas portas para o presente.

Muitas de nós, mulheres, ainda hoje, acreditamos na ideia de que é feio se expor, correr o risco de fracassar.

E isso ainda impede que até mesmo aquelas muito capacitadas consigam promoções em seus empregos.

Outras, de começar um negócio, uma forma de ganhar dinheiro.

Outras, ainda, de concorrer a cargos eletivos, deixando de contribuir para a melhoria da política.

Se estão mais velhas, sentem que não podem voltar a estudar, buscar uma forma de melhorar os ganhos da aposentadoria ou ir atrás de qualquer novo sonho.

Naquela noite, fiquei feliz de lembrar que nada no mundo melhora por acaso.

As mudanças ocorrem porque mulheres e homens lutam para transformar aquilo com o que não concordam.

Vamos imaginar apenas as que lutaram no passado pelo nosso direito ao voto.

E ainda lembro que minha mãe, na década de 1960, tinha de andar com uma carta do meu pai, autorizando o uso do carro. Com assinatura autenticada e tudo!

Cabe a nós, que temos mais experiência de vida, ajudar as meninas e jovens deste nosso País, a querer mais.

A saber que podem ousar.

A viver do jeito que acharem melhor.

Mas a melhor forma de ensinar é dando exemplo.

Indo atrás dos próprios sonhos.

Abrindo fechaduras e cadeados que nos prendem.

 


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