Me aposentei, mas não contei pra família

Como assim, aposentar e não contar pra ninguém?

Foi só pela terceira ou quarta vez que ouvi história parecida que caí na real.

Percebi que era uma forma, até mais comum do que eu pensava, de defesa usada por mulheres solteiras com pais/mães idosos ou em caso de doenças familiares.

A explicação é simples.

Na nossa sociedade, considera-se que mulheres solteiras não têm, por assim dizer, vida própria.

Por não terem marido e filhos, acredita-se que não têm problemas e podem estar sempre à disposição das necessidades da família.

Até mesmo quando se discutem gastos de pais/mães idosos, muitas vezes essas mulheres têm de contribuir com mais dinheiro do que os demais filhos, sempre com a desculpa de que não têm gastos com escola, transporte e outros.

O trabalho remunerado é uma das únicas atividades respeitadas: enquanto têm emprego, as mulheres solteiras podem ter algum tipo de vida privada.

Mas, ao se aposentar, percebem pela experiência de outras mulheres na mesma situação que correm muitos riscos, como o de serem encarregadas de todas as responsabilidades com relação aos pais/mães idosos. Os outros filhos e filhas simplesmente se encostam.

Já ouvi muitas queixas de mulheres solteiras de se sentirem praticamente escravizadas.

Não se pode dizer que tratadas como empregadas, pois empregadas têm direitos trabalhistas, dentre os quais o de folga semanal.

O cuidado de doentes e idosos é um dos aspectos mais exigentes e menos reconhecidos das atividades femininas consideradas obrigatórias pelas famílias.

Basta ver quem acompanha doentes e idosos no dia a dia – como obrigação e muitas vezes sem nem ao menos um agradecimento.

Homens, mesmo que sem ocupação, são muito menos exigidos, por diferentes razões.

Daí se pode dizer que o trabalho feminino invisível tem muitas facetas que, se não forem discutidas, vão continuar assim – invisíveis.

E no seu caso, como é?

Você se sente cobrada pela família por ser mulher?

Você cobra as demais mulheres da família por serem solteiras?

Que tal pensar em obrigação dividida?

 

 


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